
Deus ordena que Noé entre na Arca com sua mulher, os três filhos, as mulheres dos filhos, mais sete pares de todo animal puro, um macho e uma fêmea de cada espécie, e um par de cada animal impuro, para que se conservem vivos. Manda também que leve aves segundo suas espécies, répteis e tudo o que se come para servir de alimento para ele e todos os outros. Qual o significado de tudo isso?O que se quer simbolizar aí é a ligação entre yin e yang, entre princípio masculino e feminino, ou, ainda, entre o mental e o mundo energético. Para que Noé possa manter viva a arca, ele leva consigo tudo que é vivo, em pares de opostos. Isto é muito importante! O macho e a fêmea simbolizam as forças duais do nosso espírito, que estão em equilíbrio. Devemos, portanto, tentar juntar o “de cima” e o “de baixo” dentro de nós.
Notem que cada animal é símbolo de diferentes espécies de energias condensadas, desde as mais enfurecidas, representadas, por exemplo, pelo leão, até as mais tranqüilas, como o coelho. Já as aves significam as energias mentais, que “voam”, por assim dizer. Noé, conectado com o divino, sendo tântrico em certo sentido, aproveita tudo. Por ser o descanso e a calma, “rest and peace”, ele junta na arca tudo o que representa as nossas energias, sem nenhuma distinção ou rejeição. Isto pode ser compreendido como presenciar, a partir de um estado de atenção, tudo o que está à nossa volta, sem rejeitar nada?Isso mesmo! Não devo dizer: é horrível esta energia em mim. Não! Eu simplesmente a transmuto, trazendo-a para o interior da minha arca, para dentro dessa proteção. Noé é descanso, repouso, calma, consciência. Deus disse a Noé: tome um animal de cada espécie. Ou seja, pegue todo tipo de energia, pura ou impura, pois tudo é matéria prima a ser transformada. Essa idéia de transformação, tão bonita, é a idéia essencial do nosso trabalho.Diz ainda o relato que Noé tinha seiscentos anos de vida quando as águas do dilúvio inundaram a terra. Este número simboliza alguma coisa?Noé entrou na arca com seiscentos anos. No Eneagrama, é no número seis que se localiza o primeiro choque consciente. Naquele período, ele estava realizando em si o primeiro choque consciente, ou seja, estava em estado de lembrança de Si.Ao sair da arca, tinha seiscentos e um anos. Se fizermos a adição teosófica, teremos 6+1=7; o número sete simboliza a medula espinhal. Quando saiu da arca, Noé tinha “ocupado” toda a medula com sua presença.
Precisamos fazer este primeiro choque consciente, que é a lembrança de si. Nesse estado – como Noé –, estamos construindo nossa arca.Depois que Deus fecha a porta da arca atrás de Noé, passam-se sete dias até que comece a chuva que durará quarenta dias e quarenta noites. As águas levantam a arca acima da terra e cobrem os altos montes. Diz a Bíblia que tudo o que tinha fôlego de vida sobre a terra seca, morre, salvando-se apenas os que estavam na arca. O que significa tudo isso? fato de Noé ter ficado quarenta dias e quarenta noites na arca mostra que é necessário passar por um tempo de purificação. Há na Bíblia outras referências ao número 40. Moisés, por exemplo, fica quarenta anos no deserto. O número 4 simboliza a construção de nossa individualidade. A possibilidade de “estar na Arca” nos leva a uma consideração interessante: se construirmos nossa alma, poderemos atravessar até mesmo a morte do corpo físico.As águas minguaram depois de cento e cinqüenta dias e a arca repousou sobre as montanhas de Ararat. Isto tem algum significado específico?Aqui temos novamente o número seis (adição teosófica de 150), simbolizando um estado de atenção; seis é o número de pontas da estrela de Davi; é, portanto, a união do céu com a terra. É o triângulo divino que desce para o nosso mundo. Se considerarmos o simbolismo dos animais, dos machos e fêmeas levados para a arca, concluiremos que Noé uniu os opostos. O monte Ararat representa o pico da consciência espiritual. Ararat significa Alto, Terra Santa, Jardim do Paraíso.Vejam que interessante: as próprias águas, mortais a princípio, levaram Noé até o ponto mais alto do monte. As energias que podem destruir-nos são as mesmas que nos elevam ao ponto mais alto da consciência.As águas teriam sido úteis para “afogar” os nossos múltiplos “eus”?Estes “eus” múltiplos, simbolizados pelos animais impuros, correspondem a nossas energias não transmutadas. As energias não metabolizadas pelo dilúvio servem agora de “alimento para os peixes”.Pela janela da arca, Noé solta um corvo e depois uma pomba, no intuito de verificar se as águas tinham baixado. O corvo sai voando e paira sobre elas. A primeira vez que Noé solta a pomba, ela volta sem trazer nada. A segunda vez, ela porta no bico um ramo novo de oliveira. Qual o simbolismo das aves e desse ramo?O corvo representa aqui nossa capacidade de atenção, de observação, que não necessita pousar em lugar algum. Em outras palavras, é a capacidade de observar o trabalho interior a ser feito. O rei Odin, da Mitologia escandinava, possuía dois corvos denominados Hugin e Munin, que ele enviava por todo o Universo para que, ao voltar, lhe contassem o que acontecia pelo mundo. Hugin significa nossa capacidade de reflexão e Munin, a memória. Em certo sentido, eles são descendentes do corvo enviado por Noé, que ficou pairando sobre as águas para observar o que acontecia.
O corvo simboliza também nossas energias não regeneradas, não transmutadas. O “trabalho” (de Noé) ainda não estava pronto. Na Grécia, a pomba e o corvo representam as duas formas de amor possíveis, respectivamente o amor divino e o amor mais rasteiro. Dizia-se que os neófitos do trabalho interior não deveriam nutrir o corvo, ou seja, alimentar as paixões. O corvo, portanto, é também símbolo de nossas paixões; é o preto que deve ser transmutado em branco, isto é, na pomba, que aqui significa nossa alma.
Na Mitologia grega, Apolo, como Noé, soltou um corvo que nunca mais voltou e que pousou em uma figueira para esperar que seus frutos amadurecessem. A figueira também é símbolo da força de regeneração. A espera da maturação dos figos pode ser comparada ao tempo necessário para a transmutação do corvo em pomba.
Lembremos que, quando Noé enviou a primeira pomba, ela voltou sem nada: seu trabalho ainda não havia terminado. Ele deveria descansar mais sete dias, mais uma oitava, portanto. Então Noé soltou novamente a pomba e desta vez ela retornou com o ramo de oliveira no bico. A oliveira é também um símbolo sagrado, é o bálsamo curativo do Espírito. Representa ainda nossa alma. Na realidade, a pomba que carrega o ramo de oliveira simboliza o Espírito Santo, que nos oferece a possibilidade de cura. Desta vez o trabalho de Noé estava pronto.
Recapitulando: quando Noé enviou o corvo que ficou pairando, seu trabalho não estava concluído, suas paixões ainda estavam ali, não estavam totalmente transformadas e deveriam “voar”. Depois da primeira soltura da pomba, houve uma purificação de mais sete dias, até ela poder sair novamente. Quando ela volta com o ramo de oliveira no bico, Noé fica sabendo que as águas já estavam baixando e que, em breve, tudo estaria tranqüilo. Ou seja, suas emoções e seu mundo biológico/sexual passaram a ser regidos pela calma, pela presença da alma. A partir de então, a Alma torna-se a mestra de tudo e uma nova era começa, para ele e para toda a humanidade.De fato, quando Noé sai da arca, a primeira coisa que faz é agradecer.Exatamente. A aliança de Noé com o Divino – que já fora feita antes – é representada pelo número 6. Aliás, vemos no texto que ele faz aliança com o Divino o tempo todo.
É importante fazer essa aliança. Não podemos mais “cortar” a ligação com o Divino. A partir desse momento, Noé não “corta” mais o liame com Deus – que se tornou definitivo! Ele completou o trabalho.No relato bíblico, Deus diz consigo mesmo: “Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade...” Estaria isso relacionado com a puberdade, ou seja, com a sexualidade humana?Mocidade aqui não significa apenas a sexualidade; relaciona-se com o pecado original, com o fato de que continuamente jogamos nossas energias para fora.Até certo ponto, isto não faz parte da vida?Sim, mas devemos também fazer aliança com o Divino o tempo todo. Não podemos deixar de estabelecer essa ligação. que significa Noé ser agricultor, plantar uma vinha, tomar o vinho que fez com a uva que plantou, embriagando-se e ficando nu dentro da tenda? Por que Cam, o filho mais novo, é o único que vê sua nudez e vai contar aos dois irmãos, Sem e Jafé, que, de costas, cobrem o pai para não vê-lo nu? Por que, ao despertar da embriaguez, Noé amaldiçoa Canaã, o filho de Cam, mandando que seja servo de seus dois outros filhos?Devemos entender o vinho aqui como sagrado, e a embriaguez de Noé como um estado de êxtase. Usando o vinho, símbolo de um produto da terra transformado, Noé, ao se encontrar no elevado nível proporcionado pelo êxtase, coloca cada coisa em seu lugar. Quando Cristo transforma a água em vinho, transmuta o que é nosso corpo natural, a água, em vinho, símbolo do mundo espiritual. Como Cristo, Noé transforma a natureza das coisas terrenas em sagrada.
Os três filhos de Noé representam o Espírito e o Corpo trabalhando em união. O primeiro filho, Sem, significa “Céu”. Jafé, o segundo, é o “largo”, o “expandido”. É o filho do meio, aquele que faz a ligação. O terceiro filho, Cam, significa escuridão – a Terra. Temos, então, o Céu simbolizado por Sem, e a Terra, por Cam. Jafé, o “filho do meio”, faz a ligação entre o Céu e a Terra.
Só Cam (a Terra) presenciou a embriaguez e a nudez de Noé e foi procurar os irmãos Sem (Céu) e Jafé (ligação). Estes dois, em sinal de respeito, vêm de costas e cobrem o pai. São os dois irmãos que respeitam o Divino, o que não acontece com o que representa a Terra. De qualquer forma, o importante é que Noé restaurou a hierarquia Céu/Terra da forma correta, com a Terra servindo ao Céu. O Céu, aqui, deve ser tomado como uma mente límpida e pura. Quando Noé amaldiçoa Canaã, o filho de Cam, devemos entender que ele está recolocando a energia terrestre em seu devido lugar, fazendo-a agir em conjunto com as outras duas, simbolizadas pelos outros irmãos. Jafé é a expansão que o trabalho interior proporciona dentro de nosso peito. Só ela pode unir tudo.Esta força de baixo, que seria Cam, é feita para servir os outros.
Notem que cada animal é símbolo de diferentes espécies de energias condensadas, desde as mais enfurecidas, representadas, por exemplo, pelo leão, até as mais tranqüilas, como o coelho. Já as aves significam as energias mentais, que “voam”, por assim dizer. Noé, conectado com o divino, sendo tântrico em certo sentido, aproveita tudo. Por ser o descanso e a calma, “rest and peace”, ele junta na arca tudo o que representa as nossas energias, sem nenhuma distinção ou rejeição. Isto pode ser compreendido como presenciar, a partir de um estado de atenção, tudo o que está à nossa volta, sem rejeitar nada?Isso mesmo! Não devo dizer: é horrível esta energia em mim. Não! Eu simplesmente a transmuto, trazendo-a para o interior da minha arca, para dentro dessa proteção. Noé é descanso, repouso, calma, consciência. Deus disse a Noé: tome um animal de cada espécie. Ou seja, pegue todo tipo de energia, pura ou impura, pois tudo é matéria prima a ser transformada. Essa idéia de transformação, tão bonita, é a idéia essencial do nosso trabalho.Diz ainda o relato que Noé tinha seiscentos anos de vida quando as águas do dilúvio inundaram a terra. Este número simboliza alguma coisa?Noé entrou na arca com seiscentos anos. No Eneagrama, é no número seis que se localiza o primeiro choque consciente. Naquele período, ele estava realizando em si o primeiro choque consciente, ou seja, estava em estado de lembrança de Si.Ao sair da arca, tinha seiscentos e um anos. Se fizermos a adição teosófica, teremos 6+1=7; o número sete simboliza a medula espinhal. Quando saiu da arca, Noé tinha “ocupado” toda a medula com sua presença.
Precisamos fazer este primeiro choque consciente, que é a lembrança de si. Nesse estado – como Noé –, estamos construindo nossa arca.Depois que Deus fecha a porta da arca atrás de Noé, passam-se sete dias até que comece a chuva que durará quarenta dias e quarenta noites. As águas levantam a arca acima da terra e cobrem os altos montes. Diz a Bíblia que tudo o que tinha fôlego de vida sobre a terra seca, morre, salvando-se apenas os que estavam na arca. O que significa tudo isso? fato de Noé ter ficado quarenta dias e quarenta noites na arca mostra que é necessário passar por um tempo de purificação. Há na Bíblia outras referências ao número 40. Moisés, por exemplo, fica quarenta anos no deserto. O número 4 simboliza a construção de nossa individualidade. A possibilidade de “estar na Arca” nos leva a uma consideração interessante: se construirmos nossa alma, poderemos atravessar até mesmo a morte do corpo físico.As águas minguaram depois de cento e cinqüenta dias e a arca repousou sobre as montanhas de Ararat. Isto tem algum significado específico?Aqui temos novamente o número seis (adição teosófica de 150), simbolizando um estado de atenção; seis é o número de pontas da estrela de Davi; é, portanto, a união do céu com a terra. É o triângulo divino que desce para o nosso mundo. Se considerarmos o simbolismo dos animais, dos machos e fêmeas levados para a arca, concluiremos que Noé uniu os opostos. O monte Ararat representa o pico da consciência espiritual. Ararat significa Alto, Terra Santa, Jardim do Paraíso.Vejam que interessante: as próprias águas, mortais a princípio, levaram Noé até o ponto mais alto do monte. As energias que podem destruir-nos são as mesmas que nos elevam ao ponto mais alto da consciência.As águas teriam sido úteis para “afogar” os nossos múltiplos “eus”?Estes “eus” múltiplos, simbolizados pelos animais impuros, correspondem a nossas energias não transmutadas. As energias não metabolizadas pelo dilúvio servem agora de “alimento para os peixes”.Pela janela da arca, Noé solta um corvo e depois uma pomba, no intuito de verificar se as águas tinham baixado. O corvo sai voando e paira sobre elas. A primeira vez que Noé solta a pomba, ela volta sem trazer nada. A segunda vez, ela porta no bico um ramo novo de oliveira. Qual o simbolismo das aves e desse ramo?O corvo representa aqui nossa capacidade de atenção, de observação, que não necessita pousar em lugar algum. Em outras palavras, é a capacidade de observar o trabalho interior a ser feito. O rei Odin, da Mitologia escandinava, possuía dois corvos denominados Hugin e Munin, que ele enviava por todo o Universo para que, ao voltar, lhe contassem o que acontecia pelo mundo. Hugin significa nossa capacidade de reflexão e Munin, a memória. Em certo sentido, eles são descendentes do corvo enviado por Noé, que ficou pairando sobre as águas para observar o que acontecia.
O corvo simboliza também nossas energias não regeneradas, não transmutadas. O “trabalho” (de Noé) ainda não estava pronto. Na Grécia, a pomba e o corvo representam as duas formas de amor possíveis, respectivamente o amor divino e o amor mais rasteiro. Dizia-se que os neófitos do trabalho interior não deveriam nutrir o corvo, ou seja, alimentar as paixões. O corvo, portanto, é também símbolo de nossas paixões; é o preto que deve ser transmutado em branco, isto é, na pomba, que aqui significa nossa alma.
Na Mitologia grega, Apolo, como Noé, soltou um corvo que nunca mais voltou e que pousou em uma figueira para esperar que seus frutos amadurecessem. A figueira também é símbolo da força de regeneração. A espera da maturação dos figos pode ser comparada ao tempo necessário para a transmutação do corvo em pomba.
Lembremos que, quando Noé enviou a primeira pomba, ela voltou sem nada: seu trabalho ainda não havia terminado. Ele deveria descansar mais sete dias, mais uma oitava, portanto. Então Noé soltou novamente a pomba e desta vez ela retornou com o ramo de oliveira no bico. A oliveira é também um símbolo sagrado, é o bálsamo curativo do Espírito. Representa ainda nossa alma. Na realidade, a pomba que carrega o ramo de oliveira simboliza o Espírito Santo, que nos oferece a possibilidade de cura. Desta vez o trabalho de Noé estava pronto.
Recapitulando: quando Noé enviou o corvo que ficou pairando, seu trabalho não estava concluído, suas paixões ainda estavam ali, não estavam totalmente transformadas e deveriam “voar”. Depois da primeira soltura da pomba, houve uma purificação de mais sete dias, até ela poder sair novamente. Quando ela volta com o ramo de oliveira no bico, Noé fica sabendo que as águas já estavam baixando e que, em breve, tudo estaria tranqüilo. Ou seja, suas emoções e seu mundo biológico/sexual passaram a ser regidos pela calma, pela presença da alma. A partir de então, a Alma torna-se a mestra de tudo e uma nova era começa, para ele e para toda a humanidade.De fato, quando Noé sai da arca, a primeira coisa que faz é agradecer.Exatamente. A aliança de Noé com o Divino – que já fora feita antes – é representada pelo número 6. Aliás, vemos no texto que ele faz aliança com o Divino o tempo todo.
É importante fazer essa aliança. Não podemos mais “cortar” a ligação com o Divino. A partir desse momento, Noé não “corta” mais o liame com Deus – que se tornou definitivo! Ele completou o trabalho.No relato bíblico, Deus diz consigo mesmo: “Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade...” Estaria isso relacionado com a puberdade, ou seja, com a sexualidade humana?Mocidade aqui não significa apenas a sexualidade; relaciona-se com o pecado original, com o fato de que continuamente jogamos nossas energias para fora.Até certo ponto, isto não faz parte da vida?Sim, mas devemos também fazer aliança com o Divino o tempo todo. Não podemos deixar de estabelecer essa ligação. que significa Noé ser agricultor, plantar uma vinha, tomar o vinho que fez com a uva que plantou, embriagando-se e ficando nu dentro da tenda? Por que Cam, o filho mais novo, é o único que vê sua nudez e vai contar aos dois irmãos, Sem e Jafé, que, de costas, cobrem o pai para não vê-lo nu? Por que, ao despertar da embriaguez, Noé amaldiçoa Canaã, o filho de Cam, mandando que seja servo de seus dois outros filhos?Devemos entender o vinho aqui como sagrado, e a embriaguez de Noé como um estado de êxtase. Usando o vinho, símbolo de um produto da terra transformado, Noé, ao se encontrar no elevado nível proporcionado pelo êxtase, coloca cada coisa em seu lugar. Quando Cristo transforma a água em vinho, transmuta o que é nosso corpo natural, a água, em vinho, símbolo do mundo espiritual. Como Cristo, Noé transforma a natureza das coisas terrenas em sagrada.
Os três filhos de Noé representam o Espírito e o Corpo trabalhando em união. O primeiro filho, Sem, significa “Céu”. Jafé, o segundo, é o “largo”, o “expandido”. É o filho do meio, aquele que faz a ligação. O terceiro filho, Cam, significa escuridão – a Terra. Temos, então, o Céu simbolizado por Sem, e a Terra, por Cam. Jafé, o “filho do meio”, faz a ligação entre o Céu e a Terra.
Só Cam (a Terra) presenciou a embriaguez e a nudez de Noé e foi procurar os irmãos Sem (Céu) e Jafé (ligação). Estes dois, em sinal de respeito, vêm de costas e cobrem o pai. São os dois irmãos que respeitam o Divino, o que não acontece com o que representa a Terra. De qualquer forma, o importante é que Noé restaurou a hierarquia Céu/Terra da forma correta, com a Terra servindo ao Céu. O Céu, aqui, deve ser tomado como uma mente límpida e pura. Quando Noé amaldiçoa Canaã, o filho de Cam, devemos entender que ele está recolocando a energia terrestre em seu devido lugar, fazendo-a agir em conjunto com as outras duas, simbolizadas pelos outros irmãos. Jafé é a expansão que o trabalho interior proporciona dentro de nosso peito. Só ela pode unir tudo.Esta força de baixo, que seria Cam, é feita para servir os outros.
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