sábado, 26 de julho de 2008

pele


Se eu pudesse despir-me e andar nu por aí. Cantar à chuva, uivar para a Lua, expor-me ao Sol. Se eu pudesse chorar de alegria, se eu pudesse gritar os meus pensamentos, se eu pudesse pintar os olhos de quem me vê.Se eu pudesse acordar do sonho e correr livremente.Se eu pudesse acreditar que ninguém me censura o coração, que jamais me cortarão a vontade.E se eu pudesse dizer baixinho que o que quero viver é a farsa dos contornos mais cinzentos da realidade humana. Quando, no buraco do peito, tenho vontade de cantar a alegria e a facilidade.Se eu pudesse mostrar o sangue e se pudesse querer aceitar que isto não existe, que eu o criei, que ninguém me atrofia os músculos...Se eu pudesse eliminar a dor das entranhas, as manchas da vida, as névoas das ideias, as alucinações e o veneno mental.Se eu pudesse ter coragem de acreditar que o "se eu pudesse" pode ser.Se eu pudesse arrancar a minha pele, mostraria a minha alma.

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