
Não fôssemos nós partículas do mesmo pó,Cupins da mesma madeira podre;Talvez não soássemos tão idênticos, tão falidos.No entanto somos este mesmo sopro, do mesmo bafo quente;O mesmo soluço entrecortado, o mesmo gemido disfarçado de risada.Caminhas sobre a corda que tu mesmo tensionastes , antecipando tua queda.Sabes que somos gêmeos quando ao te debateres em desespero em busca do ar que te falta teus braços encontram meus braços e teus pés tropeçam nos meus.Nossas almas áridas e erudidas acabam-se então no mesmo buraco profundo.Porque vivemos, mas nos sabemos mortos.
Post Scriptum:
Parece-me inevitável que morra um pouco de mim a cada ente amado e perdido.A cada plano abandonado.A cada sonho sacrificado.A cada grito ecoado sem que alguém o tenha ouvido.Numa necrose de sentidos, evolutiva e paulatina.Porém o que resta de mim - confusão e fragmentos - Comemora com júbilo a reincidência da vida.A ressurreição dos dias.A regeneração da fé!
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